terça-feira, 7 de junho de 2011
A ÁGUA NA TERRA ESTÁ SE ESGOTANDO? É VERDADE QUE NO FUTURO PRÓXIMO TEREMOS UMA GUERRA PELA ÁGUA?
Em vista desta histeria coletiva que se alastra pela mídia mundial contaminando a todos os menos avisados nós resolvemos elucidar uma série de pontos cuja divulgação está causando esta enorme celeuma.
O Alarmismo
O relatório anual das Nações Unidas faz terríveis projeções para o futuro da humanidade. A ONU prevê que em 2050 mais de 45% da população mundial não poderá contar com a porção mínima individual de água para necessidades básicas. Segundo dados estatísticos existem hoje 1,1 bilhão de pessoas praticamente sem acesso à água doce. Estas mesmas estatísticas projetam o caos em pouco mais de 40 anos, quando a população atingir a cifra de 10 bilhões de indivíduos.
A partir destes dados projeta-se que a próxima guerra mundial será pela água e não pelo petróleo.
Qual o volume de água potável disponível?
- Os dados que são utilizados pela mídia mundial são: De toda a água disponível na terra 97,6% está concentrada nos oceanos (tabela 1.1). A água fresca corresponde aos 2,4% restantes. Você acha 2,4% pouco? Então ouça isso: destes 2,4% somente 0,31% não estão concentrados nos pólos na forma de gelo. Resumindo: de toda a água na superfície da terra menos de 0,02% está disponível em rios e lagos na forma de água fresca pronta para consumo.Assustado? A realidade não é tão terrível quanto estes números parecem apontar. Em sua grande maioria estes números estão sendo manipulados, por alguns, de forma a criar uma verdadeira histeria coletiva em relação a água.
Local Volume (km3) Percentual do total (%) Oceanos 1.370.000 97,61 Calotas polares e geleiras 29.000 2,08 Água subterrânea 4.000 0,29 Água doce de lagos 125 0,009 Água salgada de lagos 104 0,008 Água misturada no solo 67 0,005 Rios 1,2 0,00009 Vapor d’água na atmosfera 14 0,0009 Fonte: R.G. Wetzel, 1983. tabela 1.1
Poluição da água
Poluição da água
Todos os tipos de lixo jogados na rua, podem por sua vez ser carregados por alguma tempestade, e levados para algum rio que atravessa a cidade.
Quem não viu um monte de coisas flutuando na água? Mas essa é a poluição que enxergamos. A que vemos que é causada pelo esgoto das casas, que lança nos rios o resto de comida e um tipo de bactéria que deles se alimenta: são as chamadas bactérias aeróbicas, elas consomem oxigênio e destroem a vida aquática e além disso podem causar problemas de saúde se forem ingeridas.
Outros problemas são as indústrias localizadas ao lado de rios e lagos.
Só recentemente foram criadas leis para que elas tratem o esgoto industrial, tentando diminuir a quantidade de rios e lagos poluídos em todo o mundo, responsáveis por muitas "mortes".
Os vazamentos de petróleo são uma das piores causas de poluição do mar, pois essa substância espalha-se pela superfície das águas, levando anos para ser absorvida, o que gera sérios desequilíbrios no meio ambiente.
Quem não viu um monte de coisas flutuando na água? Mas essa é a poluição que enxergamos. A que vemos que é causada pelo esgoto das casas, que lança nos rios o resto de comida e um tipo de bactéria que deles se alimenta: são as chamadas bactérias aeróbicas, elas consomem oxigênio e destroem a vida aquática e além disso podem causar problemas de saúde se forem ingeridas.
Outros problemas são as indústrias localizadas ao lado de rios e lagos.
Só recentemente foram criadas leis para que elas tratem o esgoto industrial, tentando diminuir a quantidade de rios e lagos poluídos em todo o mundo, responsáveis por muitas "mortes".
Os vazamentos de petróleo são uma das piores causas de poluição do mar, pois essa substância espalha-se pela superfície das águas, levando anos para ser absorvida, o que gera sérios desequilíbrios no meio ambiente.
Combatendo a poluição das águas
Chamamos de água poluída a que:
- apresenta cheiro forte provocada pelas substâncias químicas;
- apresenta cores variadas,como Amarelo, Verde ou Marrom;
- possui gosto diferente por causa das substâncias tóxicas.
As substâncias que se misturam na água são chamadas de agentes poluentes que fazem muito mal aos seres vivos. Veja alguns agentes poluentes da água:
- esgotos das cidades, eliminados em rios e mares;
- detritos domésticos, lançados em rios, riachos, lagos, etc...
- elementos sólidos, líquidos e gasosos
- óleo e lixo que os navios lançam nos mares.
É muito comum as pessoas confundirem água poluída com água contaminada, razão pela qual vamos explicar cada uma delas.
Água Contaminada: é aquela que transmite doenças, pois além de conter microorganismos, restos de animais, larvas e ovos de vermes.
Água Poluída: é aquela que tem cheiro forte, cor bem escura, que alterou suas características naturais, isto é, deixou de ser pura e saudável para os seres vivos.
A poluição da água traz conseqüências muito graves aos seres vivos. As principais são :
- substâncias tóxicas lançadas nas águas pelas indústrias e navios atingem os animais e os vegetais aquáticos, chegando a matá-los;
- os animais e vegetais aquáticos atingidos contaminam o homem;
- os esgotos das cidades podem lançar nos rios, lagos e mares seres vivos causadores de doenças.
Para evitar e combater a poluição da água, não precisamos acabar com as fábricas e indústrias,temos que tomar medidas como:
- colocar filtros nas fábricas e em indústrias;
- tratar os esgotos para evitar que contaminem rios e mares;
- evitar jogar lixo ou material reciclável em rios e mares;
- conduzir toda a água utilizada pela população para uma estação de tratamento.
Doenças causadas pela poluição das águas
A Poluição da água é causada pelo acúmulo de substâncias indesejáveis, nocivas e tóxicas nos rios, lagos e mares. A água poluída contém microorganismos que leva a intoxicações sérias e pode causar diversas doenças.
Por isso, a água que sai das torneiras de nossa casa já deve ser limpa, potável e ainda passar por uma estação de tratamento. A população deve participar de forma coletiva desse processo, mostrando que a água poluida prejudica a vida das pessoas, dos animais e das plantas, enfim de todas formas de vida existente no planeta.
Muitas vezes a água contaminada por vírus e bactérias pode apresentar aspecto transparente e límpido, ou seja, não é visível a olho nu, por isso, temos que ter o cuidado de ferver ou filtrar. O lançamento de esgotos residenciais, industriais e hospitalares diretamente nos rios, lagos e mares, aumenta a quantidade de matéria orgânica (coliformes fecais) na água.
Por isso, a água que sai das torneiras de nossa casa já deve ser limpa, potável e ainda passar por uma estação de tratamento. A população deve participar de forma coletiva desse processo, mostrando que a água poluida prejudica a vida das pessoas, dos animais e das plantas, enfim de todas formas de vida existente no planeta.
Muitas vezes a água contaminada por vírus e bactérias pode apresentar aspecto transparente e límpido, ou seja, não é visível a olho nu, por isso, temos que ter o cuidado de ferver ou filtrar. O lançamento de esgotos residenciais, industriais e hospitalares diretamente nos rios, lagos e mares, aumenta a quantidade de matéria orgânica (coliformes fecais) na água.
DOENÇAS CAUSADAS PELA POLUIÇÃO DAS ÁGUAS
A principal causa da contaminação da água em nossa região ocorre através da falta de saneamento básico e agrotóxicos, usados em irrigações, contaminando principalmente os lençóis freáticos, causando graves danos ao meio ambiente e conseqüentemente a nós humanos.
As crianças mantendo contato direto com água poluida são as maiores vítimas.
As crianças mantendo contato direto com água poluida são as maiores vítimas.
Doenças transmitidas diretamente através da água são:
- verminose
- malária
- hepatite
- dengue
- leptospirose gastro intestinais
- infecções nos olhos ouvido garganta
- cólera
- febre tifóide
- febre paratifóide
- desinteria bacilar
- amebíase ou desinteria amebiana
Fontes poluídoras
Temos como fontes poluidoras da água os agrotóxicos (adubos e fertilizantes ) esgotos domésticos inseticidas usada nas lavouras.Estas contaminações tem causado graves danos ao solo, apresentando assim a poluição térmica,sedimentar biológica e química.
Poluição térmica:
Ocorre frequentemente pelo descarte nos rios, lagos, oceanos,... De grandes volumes de água aquecida usada no resfriamento de uma série de processos industriais.
Poluição sedimentar:
Resulta do acumulo de partículas em suspensão. Esses sedimentos poluem de várias maneiras: Os sedimentos bloqueiam a entrada dos raios solares na lâmina de água, interferindo na fotossíntese das plantas aquáticas e diminuindo a capacidade dos animais aquáticos de vir e encontrar comida. Os sedimentos também conduzem poluentes químicos e biológicos neles absorvidos.
Ocorre frequentemente pelo descarte nos rios, lagos, oceanos,... De grandes volumes de água aquecida usada no resfriamento de uma série de processos industriais.
Poluição sedimentar:
Resulta do acumulo de partículas em suspensão. Esses sedimentos poluem de várias maneiras: Os sedimentos bloqueiam a entrada dos raios solares na lâmina de água, interferindo na fotossíntese das plantas aquáticas e diminuindo a capacidade dos animais aquáticos de vir e encontrar comida. Os sedimentos também conduzem poluentes químicos e biológicos neles absorvidos.
Poluição química:
É talvez, a mais problemática de todas as formas de poluição aquática, é causada pela presença de produtos químicos nocivos ou indesejáveis. Seus efeitos podem ser subtis e levar muito tempo para serem sentidos.
Poluição biológica:
Resulta da presença de microorganismos patogênicos (bactérias, vírus, protozoários, vermes), especialmente na água potável.
Resulta da presença de microorganismos patogênicos (bactérias, vírus, protozoários, vermes), especialmente na água potável.
Poluição da água
A água tem várias fontes de poluição. A maior delas está nas cidades. A falta de saneamento básico contribui para que grande parte do esgoto das casas e das indústrias seja jogado nos rios e córregos. Muitas das estações de tratamento de esgoto descartam o lixo produzido diretamente nas águas correntes
Os lixos dos aterros municipais quando vazam acabam indo para as águas subterrâneas. Produtos químicos usados nas casas e apartamentos como solventes de tinta e limpadores de forno são jogados no lixo ou no esgoto. De uma maneira ou de outra acabam sempre indo parar na água que abastece as cidades.
A chuva ácida é outra das grandes fontes de poluição da água. Sua capacidade de destruição é tão grande que chega a acabar com a vida aquática.
Os produtos agrotóxicos usados nas lavouras infiltram-se no solo e escorrem para os rios, lagos e até às águas subterrâneas.
A importância da água
Ética no uso da água
Fonte: Banas Ambiental - João Paulo Ribeiro Capobianco , biólogo, é coordenador de Programas do Instituto Socioambiental, especialista em Educação Ambiental pela Universidade de Brasília e doutorando em Agricultura e Meio Ambiente pela Universidade Estadual de Campinas, Unicamp/SP.
A água é um recurso natural de valor inestimável. Mais que um insumo indispensável à produção e um recurso estratégico para o desenvolvimento econômico, ela é vital para a manutenção dos ciclos biológicos, geológicos e químicos que mantêm em equilíbrio os ecossistemas. É, ainda, uma referência cultural e um bem social indispensável à adequada qualidade de vida da população.
A conservação da quantidade e da qualidade da água depende das condições naturais e antrópicas das bacias hidrográficas, onde ela se origina, circula, percola ou fica estocada, fora de lagos naturais ou reservatórios artificiais.
Isso porque, ao mesmo tempo em que os rios, riachos e córregos alimentam uma determinada represa, por exemplo, eles também podem trazer toda a sorte de detritos e materiais poluentes que tenham sido despejados diretamente neles ou no solo por onde passaram.
Isso porque, ao mesmo tempo em que os rios, riachos e córregos alimentam uma determinada represa, por exemplo, eles também podem trazer toda a sorte de detritos e materiais poluentes que tenham sido despejados diretamente neles ou no solo por onde passaram.
Recentemente muito se tem falado a respeito da "crise da água", e especula-se sobre a possibilidade da escassez deste recurso vital se tornar motivo de guerras entre países. É preciso haver consciência de que, exceto no caso de regiões do planeta emque há uma limitação natural da quantidade de água doce disponível, na maioria dos países o problema não é a quantidade, mas sim a qualidade desse recurso, cada vez pior devido ao mau uso e à sua gestão inadequada.
Segundo o pesquisador Aldo Rebouças, professor titular do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo, USP, uma análise comparativa entre a disponibilidade hídrica e a demanda da população no Brasil mostra que o nível de utilização da água disponível em 1991 era de apenas 0,71%.
Mesmo para os estados mais populosos e desenvolvidos, como São Paulo e Rio de Janeiro, este índice também era muito confortável, estando por volta de 10%.Ouseja, a questão que se coloca diante de nós não é a disponibilidade ou falta de água, mas sim as formas de sua utilização que estão levando a uma acelerada perda de qualidade, em especial nas regiões intensamente urbanizadas ou industrializadas.
O pesquisador afirma que "o que mais falta no Brasil não é água, mas determinado padrão cultural que agregue ética e melhore a eficiência de desempenho político dos governos, da sociedade organizada lato sensu, das ações públicas e privadas, promotoras do desenvolvimento econômico em geral e da sua água doce, em particular".
Mesmo para os estados mais populosos e desenvolvidos, como São Paulo e Rio de Janeiro, este índice também era muito confortável, estando por volta de 10%.Ouseja, a questão que se coloca diante de nós não é a disponibilidade ou falta de água, mas sim as formas de sua utilização que estão levando a uma acelerada perda de qualidade, em especial nas regiões intensamente urbanizadas ou industrializadas.
O pesquisador afirma que "o que mais falta no Brasil não é água, mas determinado padrão cultural que agregue ética e melhore a eficiência de desempenho político dos governos, da sociedade organizada lato sensu, das ações públicas e privadas, promotoras do desenvolvimento econômico em geral e da sua água doce, em particular".
A região metropolitana de São Paulo é um caso exemplar de má gestão dos recursos hídricos. Água há. Basta verificar, em qualquer mapa da cidade, os rios de bom tamanho como o Tietê e Pinheiros e mais de uma centena de rios menores e córregos correndo por toda a região.
Há, ainda, várias represas de grande porte como a Guarapiranga e a Billings e vastas áreas de mananciais que praticamente envolvem toda a metrópole. É, sem dúvida, uma região naturalmente bem servida de água. Mas a falta de planejamento e de responsabilidade tem provocado a contaminação dos rios, córregos e represas e a ocupação desordenada das regiões de mananciais.
Há, ainda, várias represas de grande porte como a Guarapiranga e a Billings e vastas áreas de mananciais que praticamente envolvem toda a metrópole. É, sem dúvida, uma região naturalmente bem servida de água. Mas a falta de planejamento e de responsabilidade tem provocado a contaminação dos rios, córregos e represas e a ocupação desordenada das regiões de mananciais.
Um estudo desenvolvido pelo Instituto Socioambiental, em parceria com diversas outras organizações não governamentais, mostrou que entre os anos de 1989 e 1996 a bacia do Guarapiranga perdeu 15% de sua cobertura vegetal, enquanto que o crescimento urbano foi da ordem de 50%.
Pior: mais de 60% da ocupação urbana registrada ocorreu em áreas que possuem sérias ou severas restrições ambientais. São encostas íngremes, regiões de aluvião ou várzea. Apenas 8,9% da mancha urbana se deu em áreas favoráveis. Os movimentos de terra, tais como abertura de estradas e terraplanagem, figuram no topo das ocorrências irregulares, respondendo por 21% dos 1 497 registros.
Pior: mais de 60% da ocupação urbana registrada ocorreu em áreas que possuem sérias ou severas restrições ambientais. São encostas íngremes, regiões de aluvião ou várzea. Apenas 8,9% da mancha urbana se deu em áreas favoráveis. Os movimentos de terra, tais como abertura de estradas e terraplanagem, figuram no topo das ocorrências irregulares, respondendo por 21% dos 1 497 registros.
Para superar essa situação, é necessário substituir o modelo tecnocrata e utilitarista que imperou até hoje na gestão dos recursos hídricos no Brasil. Um modelo que ignora que a água de boa qualidade é um recurso finito e que prioriza certos usos, como geração de energia, saneamento e transporte, em detrimento de outros como abastecimento.
Fonte: Banas Ambiental - João Paulo Ribeiro Capobianco , biólogo, é coordenador de Programas do Instituto Socioambiental, especialista em Educação Ambiental pela Universidade de Brasília e doutorando em Agricultura e Meio Ambiente pela Universidade Estadual de Campinas, Unicamp/SP.
Água doce e limpa: de "dádiva" à raridade*
Estudiosos prevêem que em breve a água será causa principal de conflitos entre nações. Há sinais dessa tensão em áreas do planeta como Oriente Médio e África. Mas também os brasileiros, que sempre se consideraram dotados de fontes inesgotáveis, vêem algumas de suas cidades sofrerem falta de água. A distribuição desigual é causa maior de problemas. Entre os países, o Brasil é privilegiado com 12% da água doce superficial no mundo.Outro foco de dificuldades é a distância entre fontes e centros consumidores. É o caso da Califórnia (EUA), que depende para abastecimento até de neve derretida no distante Colorado. E também é o caso da cidade de São Paulo, que, embora nascida na confluência de vários rios, viu a poluição tornar imprestáveis para consumo as fontes próximas e tem de captar água de bacias distantes, alterando cursos de rios e a distribuição natural da água na região. Na última década, a quantidade de água distribuída aos brasileiros cresceu 30%, mas quase dobrou a proporção de água sem tratamento (de 3,9% para 7,2%) e o desperdício ainda assusta: 45% de toda a água ofertada pelos sistemas públicos.
Disponibilidade e distribuição
Embora o Brasil seja o primeiro país em disponibilidade hídrica em rios do mundo, a poluição e o uso inadequado comprometem esse recurso em várias regiões do País.
O Brasil concentra em torno de 12% da água doce do mundo disponível em rios e abriga o maior rio em extensão e volume do Planeta, o Amazonas. Além disso, mais de 90% do território brasileiro recebe chuvas abundantes durante o ano e as condições climáticas e geológicas propiciam a formação de uma extensa e densa rede de rios, com exceção do Semi-Árido, onde os rios são pobres e temporários. Essa água, no entanto, é distribuída de forma irregular, apesar da abundância em termos gerais. A Amazônia, onde estão as mais baixas concentrações populacionais, possui 78% da água superficial. Enquanto isso, no Sudeste, essa relação se inverte: a maior concentração populacional do País tem disponível 6% do total da água.
Mesmo na área de incidência do Semi-Árido (10% do território brasileiro; quase metade dos estados do Nordeste), não existe uma região homogênea. Há diversos pontos onde a água é permanente, indicando que existem opções para solucionar problemas socioambientais atribuídos à seca.
Qualidade comprometida
A água limpa está cada vez mais rara na Zona Costeira e a água de beber cada vez mais cara. Essa situação resulta da forma como a água disponível vem sendo usada: com desperdício - que chega entre 50% e 70% nas cidades -, e sem muitos cuidados com a qualidade. Assim, parte da água no Brasil já perdeu a característica de recurso natural renovável (principalmente nas áreas densamente povoadas), em razão de processos de urbanização, industrialização e produção agrícola, que são incentivados, mas pouco estruturados em termos de preservação ambiental e da água.
Nas cidades, os problemas de abastecimento estão diretamente relacionados ao crescimento da demanda, ao desperdício e à urbanização descontrolada – que atinge regiões de mananciais. Na zona rural, os recursos hídricos também são explorados de forma irregular, além de parte da vegetação protetora da bacia (mata ciliar) ser destruída para a realização de atividades como agricultura e pecuária. Não raramente, os agrotóxicos e dejetos utilizados nessas atividades também acabam por poluir a água. A baixa eficiência das empresas de abastecimento se associa ao quadro de poluição: as perdas na rede de distribuição por roubos e vazamentos atingem entre 40% e 60%, além de 64% das empresas não coletarem o esgoto gerado. O saneamento básico não é implementado de forma adequada, já que 90% dos esgotos domésticos e 70% dos afluentes industriais são jogados sem tratamento nos rios, açudes e águas litorâneas, o que tem gerado um nível de degradação nunca imaginado.
Alternativas
A água disponível no território brasileiro é suficiente para as necessidades do País, apesar da degradação. Seria necessário, então, mais consciência por parte da população no uso da água e, por parte do governo, um maior cuidado com a questão do saneamento e abastecimento. Por exemplo, 90% das atividades modernas poderiam ser realizadas com água de reuso. Além de diminuir a pressão sobre a demanda, o custo dessa água é pelo menos 50% menor do que o preço da água fornecida pelas companhias de saneamento, porque não precisa passar por tratamento. Apesar de não ser própria para consumo humano, poderia ser usada, entre outras atividades, nas indústrias, na lavagem de áreas públicas e nas descargas sanitárias de condomínios. Além disso, as novas construções – casas, prédios, complexos industriais – poderiam incorporar sistemas de aproveitamento da água da chuva, para os usos gerais que não o consumo humano.
Após a Rio-92, especialistas observaram que as diretrizes e propostas para a preservação da água não avançaram muito e redigiram a Carta das águas doces no Brasil. Entre os tópicos abordados, ressaltam a importância de reverter o quadro de poluição, planejar o uso de forma sustentável com base na Agenda 21 e investir na capacitação técnica em recursos hídricos, saneamento e meio ambiente, além de viabilizar tecnologias apropriadas para as particularidades de cada região.
A água no mundo
A quantidade de água doce no mundo estocada em rios e lagos, pronta para o consumo, é suficiente para atender de 6 a 7 vezes o mínimo anual que cada habitante do Planeta precisa. Apesar de parecer abundante, esse recurso é escasso: representa apenas 0,3% do total de água no Planeta. O restante dos 2,5% de água doce está nos lençóis freáticos e aqüíferos, nas calotas polares, geleiras, neve permanente e outros reservatórios, como pântanos, por exemplo.
Se em termos globais a água doce é suficiente para todos, sua distribução é irregular no território. Os fluxos estão concentrados nas regiões intertropicais, que possuem 50% do escoamento das águas. Nas zonas temperadas, estão 48%, e nas zonas áridas e semi-áridas, apenas 2%. Além disso, as demandas de uso também são diferentes, sendo maiores nos países desenvolvidos.
O cenário de escassez se deve não apenas à irregularidade na distribuição da água e ao aumento das demandas - o que muitas vezes pode gerar conflitos de uso – mas também ao fato de que, nos últimos 50 anos, a degradação da qualidade da água aumentou em níveis alarmantes. Atualmente, grandes centros urbanos, industriais e áreas de desenvolvimento agrícola com grande uso de adubos químicos e agrotóxicos já enfrentam a falta de qualidade da água, o que pode gerar graves problemas de saúde pública.
*Os textos compilados nesta seção foram originalmente publicados no Almanaque Brasil Socioambiental, cuja primeira edição está esgotada. Uma nova edição está prevista para 2007.
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